Manifestação da sociedade contra as hidrelétricas no rio Pardo
Um aspecto importante a ser considerado é que estas obras causam impactos sobre o leito do rio e sobre todas as formas de vida que nele habitam. Os peixes e outros macrovertebrados, e também invertebrados não conseguem mais se deslocar, e tem seu ciclo reprodutivo comprometido ou impedido, o que leva à sua extinção. Os solos das margens são encharcados ou cobertos por água, o que muda sua estrutura e também extingue todas as formas de vida ali existentes.
A vegetação das margens, quando inundada, acaba morrendo (ou então já é cortada antes do represamento, para evitar que se decomponha dentro da água, eutrofizando-a), desta forma, acaba-se com o habitat das poucas espécies da fauna silvestre ainda existentes na região. Como consequência, mamíferos, aves, répteis e até insetos deixam de ter onde viver, se alimentar e se reproduzir e simplesmente morrem. Quantas crianças conhecem, de ver na natureza, um animal silvestre? Quantas crianças conhecem uma abelha ou uma de nossas espécies de meloponídeos (abelhas nativas, sem ferrão), antes tão comuns em nossas matas e hoje encontradas quase que exclusivamente em matas ciliares (pois apenas estas, em regiões inacessíveis foram preservadas)?
O que deixaremos em termos de natureza para nossas futuras gerações? E a vegetação nativa da mata ciliar? Não adianta extinguir vastas extensões de vegetação nativa da margem do rio com a promessa de que as matas ciliares serão replantadas na nova margem. Estes replantios, quando acontecem, repõem apenas as árvores, e em geral com variedade de espécies muito menor do que a natural. Não se planta as epífitas, não se reintroduz as espécies animais, não se recompõe o solo característico de área naturalmente úmida, não se recompõe o micro-clima, e sobretudo, nunca mais se tem a condição estabelecida pela natureza ao longo de milhões de anos de evolução. Por isso, a pergunta que fica é: embora precisemos de energia, será que este modelo ainda é aceitável nesta época em que já sabemos cientificamente dos prejuízos que envolvem este tipo de obra? Por que não geramos energias limpas, renováveis e que não destruam o ambiente e na sequência, nós mesmos? O próprio rio poderia gerar esta energia, utilizando-se de rodas d´água em seu leito, nas regiões de maior profundidade.
Mas novas formas de geração de energia ou mesmo novas tecnologias, geram gastos de recursos, e isto não é do interesse daqueles que pensam apenas nos lucros de empreendimentos como as PCHs. Assim sendo, nós da comunidade precisamos nos unir, nos manifestar, divulgar para todos o absurdo destas obras que beneficiarão poucas pessoas, mas que trarão imensos prejuízos aos recursos naturais da região, ou seja, trarão prejuízos para nossa comunidade e para o nosso futuro.