Projeto pode acabar com escassez de peixes no Pardo
Em três anos, mais de 500 mil peixes já foram lançados no rio Pardo; 98% do esgoto da cidade recebe tratamento e ajuda a combater o problema.
A Sabesp de Santa Cruz, em parceria com a ONG “Rio Pardo Vivo”, está desenvolvendo uma pesquisa que irá analisar o índice da qualidade da água do rio Pardo para a cultivação de peixes. A análise será realizada durante os meses de dezembro e janeiro pela empresa Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), de Assis, especialista em piscicultura — criação de peixes. O estudo vai verificar a possibilidade de procriação dos animais nas águas do rio Pardo e examinar a existência de derramamento de inseticida agrícola na região.
De acordo com Luiz Carlos Cavalchuki, técnico em gestão ambiental da Sabesp, desde a construção da hidrelétrica de Salto Grande, em meados da década de 1960, os peixes deixaram de subir para o rio Pardo, causando a escassez de várias espécies. “O crescimento populacional do município e da região também foi um fator que contribuiu com a diminuição dos animais. Todo o esgoto gerado pelos moradores era jogado no rio e acabava provocando a morte de peixes”, informou.
Cavalchuki ressaltou que as águas que deram o nome à cidade estiveram esquecidas por mais de três décadas. “Faz apenas três anos que as ações em prol do rio Pardo voltaram a acontecer. Nesse período, a ONG e a Sabesp já lançaram cerca de 500 mil peixes no local”, disse.
O Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) avalia as águas doces em quatro níveis, sendo a classe um considerada excelente e a quatro, ruim. Testes realizados trimestralmente pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) indicam que a qualidade da água do rio Pardo está inserida na classe dois — boa para o consumo humano, lazer e irrigação de hortaliças e frutas. A avaliação também mediu o nível de oxigenação da água, que chegou a 8,0 miligramas por litro (mg/l). O índice é considerado bom, já que em alguns rios o número chega a 3,0 mg/l.
Segundo Cavalchuki, a escassez de peixes não está ligada à falta de oxigenação da água. “Talvez não exista fonte de alimento ideal para os animais que estão no rio Pardo. A pesquisa que será desenvolvida nestes dois meses vai apontar o problema e nos mostrar a solução”, disse o técnico entusiasmado.
Atualmente, o rio conta com algumas espécies de peixes, como pacu, traíra, lambari e bagre. Mas a quantidade é pouca comparada com décadas atrás. A intenção da Sabesp é devolver os animais ao rio para que o turismo de pesca seja retomado.
Há dois anos, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) está operando em Santa Cruz do Rio Pardo. Com isso, cerca de 98% do esgoto que é jogado no rio passa por um processo de purificação. “Com a água do rio limpa, só temos a ganhar. Os peixes sobrevivem, a população tem mais opção de lazer e o turismo aumenta”, analisa Cavalchuki.
O resultado da pesquisa realizada pela Sabesp será divulgado no fim de janeiro de 2012. A empresa vai anunciar o relatório em uma palestra aberta à população de Santa Cruz do Rio Pardo.
Fonte: Jornal Debate